A 25 km de Aguiar, na região da Serra do Urubu (Paraíba), está a construção do radiotelescópio gigante, apelidado de “Joia do Sertão”.
O nome oficial do radiotelescópio é BINGO (Baryon Acoustic Oscillations in Neutral Gas Observations), e está chamando a atenção de muitos pesquisadores de todo o mundo.
O projeto, que iniciou em 2010, foi criado com objetivo de estudar os “ecos” emitidos nos momentos iniciais do universo e investigar as fast radio bursts (FRB), que são os sinais muito intensos de rádio que ainda intrigam a comunidade científica.
O projeto como órgão financiador a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com os coordenadores Élcio Abdalla (USP), Carlos Alexandre Wuensche (INPE) e Luciano Barosi de Lemos (EFCG).
Além disso, há a participação internacional de países como a França, China, África do Sul e também o Reino Unido.
Objetivo do radiotelescópio gigante
O BINGO é o primeiro telescópio projeto para fazer detecções das BAOs, que são ondas geradas pelas flutuações na densidade da matéria bariônica do universo.
A detecção é realizada por meio das ondas eletromagnéticas na faixa de rádio, e deverá trazer informações que ajudarão a compreender mais sobre a distribuição da matéria no universo.
Os dados também devem ajudar na compreensão de restrição para teorias e também possibilidades que existem a respeito da energia escura.
Por fim, outro objetivo a ser atingido e ser estudado são os quasares e fast radio bursts, que dura apenas alguns milissegundos.
A estrutura do BINGO
A estrutura do telescópio é composta de duas parabólicas refletoras (primária e secundária), além de um painel com 50 cornetas.
A parabólica primária irá receber sinais de rádio que vêm do espaço e então o refletir para o segundo refletor, que direcionará os sinais para o painel com as cornetas.
No painel, as cornetas serão responsáveis não só por traduzir os sinais, como também organizar todos os dados que serão analisados por cientistas posteriormente.
Todos os dados associados aos sinais captados são analisados através da estrutura FFT, onde são recodificados para remover ruídos e então enviados ao servidor.
Como resultado, o sistema irá enviar as informações em tempo real para pesquisadores do projeto, que estão em diversos países.
A divulgação científica ocorrerá por meio de textos jornalísticos, websérie e arte-educação, envolvendo a comunidade acadêmica, a comunidade ao entorno das instituições envolvidas e a comunidade do local da instalação do radiotelescópio.
Por que o sertão do Paraíba?
O BINGO irá monitorar e rastrear aproximadamente 8% do céu, e a escolha do local foi um fator decisivo.
De acordo com Élcio Abdalla, físico teórico com doutorado e pós-doutorados pela Universidade de São Paulo, houveram dois motivos:
“1. Foi a área mais limpa que encontramos, sem poluição eletromagnética. A melhor área da América do Sul, tecnicamente. 2. Houve um grande esforço e um excelente trabalho dos colegas da Universidade Federal de Campina Grande, hoje parceiros e co-dirigentes da melhor qualidade.”
Élcio Abdalla
Fonte: Canaltech
Imagem em destaque: Foto/Reprodução IF-USP/Divulgação