Engenharia Hoje

Arquitetura computacional inspirada em cérebro humano promete revolucionar os processadores atuais

Uma nova arquitetura de computadores está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Limerick, na Irlanda.

Os pesquisadores também contam com uma parceria no projeto com a Universidade Nacional de Cingapura e com a Texas A&M University, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores buscam desenvolver essa nova arquitetura inspirada no cérebro humano, além de ser formada por uma molécula composta por somente 77 átomos.

O dispositivo criado funcionaria como memória e processador ao mesmo tempo, além de poder ser reconfigurado em tempo real para diferentes tarefas computacionais, ao alterar as tensões elétricas que são aplicadas.

Por ser inspirado em um cérebro humano, o sistema desenvolvido também é capaz de “aprender” novas informações, ao imitar sinapses cerebrais.

“Além disso, assim como as células nervosas, esse sistema pode reter informações para futura recuperação e processamento”

Sreetosh Goswami, coautor do estudo e professor de engenharia na Universidade Nacional de Cingapura

Nova arquitetura de computadores não se limita a guardar informações do sistema binário

Os pesquisadores inspiraram essa nova arquitetura nas atividades internas do cérebro humano, e por isso há a otimização das propriedades elétricas dos cristais moles, produzidos a partir de uma única molécula.

Essa molécula pertence à família das fenil-azo-piridinas, sendo esse novo “circuito eletrônico” mais robusto, que não se limita a guardar informações do sistema binário (entre 0 e 1, como nos transistores).

A molécula utiliza a sua assimetria natural em ligações metal-orgânicas, a fim de alternar entre diferentes estados, capaz de permitir o processamento de decisões ultra rápidas em tempo real.

Os novos componentes moleculares devem alternar entre esses estados ao utilizar diversas tensões sequenciais, onde uma unidade de processamento não precisará buscar dados a cada operação de cálculo.

Como resultado, há uma economia não só de tempo, como também de energia nessa nova arquitetura de computadores.

Devido a esse único circuito capaz de executar a mesma quantidade de funções computacionais que milhares de transistores juntos, isso abre um leque de possibilidades.

Esquema de funcionamento da memória molecular

Entre essas possibilidades, está a criação de minúsculos processadores idênticos, que poderiam ser ligados em rede e funcionar em paralelo.

Desse modo, seria possível a resolução de problemas, mesmo que os componentes individuais não funcionem de forma correta o tempo todo.

Com essa nova tecnologia capaz de “fazer tudo em um único lugar”, poderá surgir o desenvolvimento de circuitos eletrônicos mais complexos e também mais eficientes.

“Os novos elementos de circuito podem fornecer computadores menores, mais rápidos e mais eficientes em termos de energia, exatamente o que é necessário para computação de ponta, internet das coisas e aplicativos de inteligência artificial”

Damien Thompson, autor principal do estudo e professor de física na Universidade de Limerick

Fonte: Canaltech

Imagem em destaque: Foto/Reprodução Freepik/rawpixel.com